Se eu sou a Morte e a tu a Vida, se eu sou o sal e tu o mar, se eu sou a lágrima e tu o riso, então busquemos uma forma, algo carente de siso, em que a morte brinca e a vida chora, a loucura impera, o certinho desespera e tu e eu andamos de mãos dadas num jogo profano, o da mentira certinha, da verdade e do desengano.
Encontramos os jogos da incerteza, da alegria e tristeza, as traições, as coisas de cada humano, mas, nós que somos eternas, na nossa contradição, buscamos apenas uma palavra que nos livre desta maldição.
Esta eternidade que nos assombra, à Vida e à Morte, persegue-nos e não nos deixa viver, ou será que não nos deixa morrer, afinal trocámos de papel e ambas estamos tristes, sem brincar, somos infelizes, acho que por não sabermos amar.
Eu (a Vida) que hoje faço de má, não preciso de me esforçar muito, afinal, para muitos, sou um suplício, uma pena e apareces tu como libertadora desses castigo.
Eu (a Morte) que hoje faço de boazinha, muitas vezes apareci para remediar um final inadiável que não passa de uma vida de dor e sem fim, por isso apareçi e resolvi aquilo que tu, ó Vida, não resolveste por mim.
Fico sem saber quem é a boa ou a má, sei apenas que para ambas há um lugar, para ambas há um momento, um tempo espacial, nenhuma delas é o bem ou o mal, mas, para já, prefiro dizer à Vida e à Morte que há algo que as suplanta, que nos permite estar na Vida e na Morte e sermos vivos na mente de outros, ainda que mortos, na realidade.
Ò Morte, ò Vida, parem de brincar, dêem as mãos e descubram o que é Amar.