Palavras, ditas vivas, sentimentos, vivos tambem, um pouco de mim, aqui, para ti que lês, que vês, assim....
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Domingo, 24 de Dezembro de 2006
Amanhã é Natal ?
Há um ano, dois, mais, ainda se lembram do sucedido por volta do Natal?
Tsunami, catástrofes naturais, mortos, feridos, desalojados, lágrimas, saudades, tristezas, sorrisos apagados, vidas desfeitas, hoje talvez refeitas, mas a dor da perda sempre presente, sempre igual, ontem hoje e ainda amanhã que é dia de Natal.
Lembram-se daqueles países distantes, dizemos nós, em que milhares de crianças morrem de fome, todos os dias, numa desumanidade sem igual, ontem, hoje e ainda amanhã que é dia de Natal ?.
Lembram-se de todos os que, por desdita, por sina, por fado, por sei lá o que mais, povoam os centros de saúde, as clínicas e os hospitais, aqueles que estão doentes sózinhos, que estão mal, ontem, hoje e ainda amanhã que é dia de Natal ?.
Lembram-se daqueles que hoje olham as montras com um vazio no olhar, com a nostalgia de quem mal tem o suficiente para se alimentar, mas, continuam a lutar e dizem aos filhos que brinquedos bonitos eram os de madeira, os de metal, não compram, só olham, ontem hoje e ainda amanhã que é dia de Natal ?
Lembram-se do amor, da amizade, do carinho, da ternura, da compreensão, da dignidade, essas chamas vivas da família, esses catalisadores da vida, tão desvalorizados em prol de outros valores, mais materiais, mais modernos diz-se hoje, mais actuais?
Ontem, hoje e amanhã que é dia de Natal, lembrem-se disto tudo e muito, muito mais e façam de cada ano uma sucessão de muitos, muitos Natais.
Feliz Natal
Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2006
Natal, pois...
Entre sorrisos e afagos, entre palavras de esperança e de amor, de fraternidade, de cuidado, entre tantas e tantas mensagens de boa vontade, chegamos a mais um Natal.
Pensar nos olhos das crianças que abrem presentes é lembrar o vazio nos olhares de todas as outras que nem sabem o que é o Natal, não sabem nem sonham que há amor, carinho, calor, tudo coisas que não conheceram, às vezes perguntam-se se nasceram ou se a vida desses outros meninos não será apenas um sonho, uma falácia, contada por alguns que tiveram a sorte de lhe passar perto.
Mas, depois volta a rotina, aquela senhora que passa todos os dias e olha de soslaio, desconfiada, aquele rapaz bem vestido e gordo que o persegue com desdém e violencia.
Dir-se-á que é a sociedade de classes, a pobreza e a riqueza, o desiquilíbrio social, inventam-se nomes, até soluções, palavras de circunstâncias, dão-se perdões, faz-se uma visita ao passado recente, argumentam-se purgatórios, lembram-se os infernos, tantos e tantos, e, volta-se a passar a meia-noite com os nossos, os que nos são do peito, do coração, sim, esses, que os outros não são nossos, não são de ninguém.
Mas, ainda há os que passam o Natal sózinhos, com o coração apertado pela tristeza, pela fome, pela doença, pela dor, agora coisa da moda, pela solidão, há ainda os que não passam o Natal porque morrem, porque partem, deixam lágrimas no dia dos sorrisos, mas esses não contam para a história do Natal.
Este ano não escrevo ao Pai Natal, não tenho dinheiro para o selo, mas escrevo a todos os outros, para que, se é verdade que uma palavra pode mudar o Mundo, possamos mudar algo.
Ontem foi Natal, hoje já é um outro dia, as luzes na Praça já não têm a mesma graça, já não brilham igual, sim porque hoje é outro dia, hoje já não é Natal.