A infinidade de um olhar, que rasga o horizonte, o futuro, um olhar que procura outro, ou apenas um porto seguro, essa intensidade, não adivinhada, apenas constatada, essa imensidão do sem fim, esse olhar que toca bem fundo, que se cola a mim.
Um dia esse olhar encontra outro, cruzam-se como se por um acaso, uma coisa que não se esperava, é certo que se desejava, por isso se olhava, se buscava, mas, não se esperando não se acreditava que ia, de facto, acontecer, que se ia, com outro cruzar, e que iam gostam de se olhar, que iam querer deixar de olhar, iam querer começar a ver.
Dois olhares, ora um só, que se apaixonam quando se cruzam, se acariciam quando sorriem, quando choram também se unem, são um só na alegria, na dor, no sorrir, no prazer, serão coisas próprias de quem deixou de olhar e começou a ver.
Hoje quero poder olhar e ver.
Conhecem-se, vão para a cama e chamam-se de amor?
Conhecem-se e, só porque dormiram juntos, já se amam?
Hoje estão com o A, amanhã estão com o B e amam, o A, o B ou os dois?
Mas que raio de amor é este que muda de mão em uma semana?
Hoje amo a Manuela, amanhã a Francisca, depois de amanhã a Josefina, aos sábados amo a Antonieta, aos domingos a Ofélia, será assim o amor?
Ou isto será tontice e falta de cabeça, coisas de gente que não sabe o que quer e grita, aos quatro ventos, um amor que não existe?
Amor é entrega, luta, dedicação, futuro, presente, passado, amanhã, é coisa que não vai e vem em uma semana, é coisa construída a dois.
Amor é isso tudo e sacrifício, briga, sorriso, carinho, encontros e desncontros, passagens de uma relação que se fortalece por e com o AMOR.
O resto é treta, é “ficar”, é “affaire”, não é amar.
Escrevo este texto porque vejo alguns amigos e amigas utilizarem a palavra amor com uma ligeireza desconcertante que me deixa lívido.
Ora sejam felizes, mas, não usem a palavra AMOR de ânimo leve.
Amar é sublime, não é vulgar.