Palavras, ditas vivas, sentimentos, vivos tambem, um pouco de mim, aqui, para ti que lês, que vês, assim....
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Domingo, 31 de Julho de 2005
Doudo por ti
Enredei-me nas malhas da paixão, da loucura, da emoção, naveguei ao sabor da luz, da Lua, do Sol, desse viver mole que enlouquece, que nos aquece como nenhum outro, sinto-me um corcel, um potro, um doido, um louco, mas se loucura for viver assim então eu não quero são viver, deixai-me neste ensandecer.
Doudo serei sempre, se sempre a doidice existir, se sempre o amor assim me sorrir, continuarei correndo para ti, sem sol, sem dó, sem mi, mas com um musical sonoro e aberto que faz da distância um pulo, do longe um já tão perto.
Agora que releio o que antes escrevi, não sei se existo ou existi, não sei se há um amor assim, sei apenas que, se houver, terá que ser o meu para ti e o teu para mim.
Nem sei porque escrevo assim, com tal fervor, com tal devoção, não sei se será a escrita do Amor, se a cor da paixão, se a música de um jardim, sei que escrevo sem saber, que escrevo, apenas porque escrevo para mim, para ti, para nós, coisa bonita de se ver este nós abençoado pela Vida, essa coisa tão indefinida, que pintalgamos com nosso amor em pinceladas de flor, de um beija-flor que sorve e beija essa flor bela e garrida.
Ser capaz de tal viver, sem o ter, sem o sentir, é ser atroz, ser bandido, ser merecedor de castigo, gritarei aos quatro cantos, que não amar é morrer vazio, é não viver, não ser, não conhecer o torpor meigo, o frémito intenso, o calor de uma chama, o cheiro do incenso, não amar é não ser ninguém.
Gosto de saber que existo, que penso, que corro, que luto, gosto saber que um dia vou ter um filho, uma árvore, um jardim, para já tenho-me a mim, um dia será o meu fim, mas até lá, não vou desistir de amar, de querer de lutar, de ser quem sou, um tonto, um louco, um doutor ou, quem sabe, alguém que respeita e ama o Amor.
Terça-feira, 19 de Julho de 2005
Muita Lisboa neste dizer
As rosas num meu braço, inebrieando-me com o seu cheiro, nos olhos a felicidade, esse sentimento sem sentido que adorna a alma e o viver, dá esta forma de ser ao ser assim sentido.
Caminhava por aquele chão molhado, ouvia os gritos das varinas, quais caravelas que aproavam à praia do meu ouvido, era um bulício, uma correria, um navegar em mar de azeite, qual corrida de touro bravo, com sua bravura, a dar-se ao deleite.
Ao fundo, divisava-se o Sol, esse Sol que era tão nosso, de um País tão garrido, de um mar azul mas tão florido, era esse o Sol que se via, naquele frontão, naquela rua, por debaixo, o rio, sereno, passava, deixava-se ver, até amar, ele que tantos amores, à sua beira, havia visto nascer, passar, crescer.
Corri para o cacilheiro, arfava de calor, corria ronceiro, passava pelo rio como em passeio, brilhava nas águas com sua cor, era cor de outros mares, de outras vagas, de outros marujos, ainda que hoje tambem tivesse alguma cor de homens sujos, aqueles outros que lhe maceravam o esplendor, nem por isso lhe apagando a cor.
Senti que era rei de uma cidade linda, perdi-me nas cores, nos cheiros, nos sons, esqueci tudo, como um menino, por momentos pairei e revivi, olhei para trás e revi esse passado tão só meu, de sorrisos, de lágrimas, de amargos, de ternuras, com tantas e tantas loucuras, a bola, os matrecos, os carrinhos, os bonecos, tudo coisas sem valor, mas, que, hoje descubro, acabaram por pintar a minha infância com a sua cor.
Ser feliz é saber viver, saber lembrar, saber ouvir, saber sonhar, saber sentir esses sonhos que já passaram mais todos aqueles que hão-de vir.
Quinta-feira, 14 de Julho de 2005
Uma amiga
Não sei se já vos contei mas tenho uma amiga muito especial, uma daquelas amigas com quem temos uma relação de amor-ódio.
Já nos conhecemos há uns anos, estamos muitas vezes juntos, vezes demais, digo eu, é companhia frequente de momentos vários, às vezes, apetece-me deixar de lhe falar, mas cá continuamos numa estranha relação.
Ainda hoje apareceu, sem mais nem menos, nem a tinha convidado mas veio, fruto de algum egoísmo ou insegurança alheias, vá-se lá saber, já me vai faltando a pachorra para esta omnipresença.
Tenho que dar a volta a esta relação, vou acabar por me aborrecer, vai ter mesmo que ser, já .....oh, desculpem, com a emoção até me esqueci de vos apresentar a minha amiga, chama-se Solidão.